Dorcino, Mauro Lúcio, Evalda e Luana são pessoas como outras quaisquer, com individualidades e necessidades distintas. Embora tenham naturalmente histórias de vida diferentes, em comum, além de serem munícipes de Contagem, eles compartilham o fato de terem passado por grandes provações relativas à saúde, de receberem tratamento em Reabilitação na rede SUS/Contagem e de conseguirem superar, pouco a pouco, as dificuldades provocadas por doenças, acidentes ou outros infortúnios.
A rede de Reabilitação do SUS Contagem é responsável pelas demandas de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia da cidade. Ao longo de 2017, foram feitos milhares de agendamentos em reabilitação nas três especialidades, sendo 5.795 em fisioterapia, 399 em fonoaudiologia e 933 em terapia ocupacional.
Fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia
Dorcino da Silva Dantas conta que, por causa de um tumor na cabeça, precisou fazer uma cirurgia em julho de 2017 e que, em decorrência disso, ficou com a parte motora esquerda comprometida. “Quando sai do hospital, nem levantar o braço eu conseguia”, afirma. Em novembro, ele conseguiu passar a ser atendido no Centro de Reabilitação do Centro de Consultas Especializadas (CCE) Iria Diniz, e desde então é atendido em sessões de fisioterapia e terapia ocupacional três vezes na semana. “Achei que a vaga não ia sair, fiz o pedido no posto em agosto e aguardei por três meses”, lembra-se Dorcino.
Após apenas poucos meses de acesso ao tratamento, a melhora na funcionalidade do corpo de Dorcino já se mostra nos passos que está reaprendendo a dar na caminhada da vida. “Estou aprendendo a caminhar de novo. Passar por esses atendimentos está fazendo muita diferença. São exercícios repetitivos, cansativos, preciso suar muito, mas vale a pena”, afirma Dorcino. “De agosto a novembro do ano passado ele só ficava na cama. Em quatro meses de fisioterapia e terapia ocupacional, já está até andando dentro de casa”, completa Wérika Dantas, esposa de Dorcino e a pessoa que o acompanha nos atendimentos. Dorcino também é atendido pelo transporte sanitário da rede SUS/Contagem. “A gente nem sabia que tinha o transporte. Foi o pessoal do Iria que nos falou sobre isso”, explica a esposa.
[caption id="attachment_5402" align="alignleft" width="300"] Dorcino da Silva recebe atendimento no Iria Diniz[/caption]Assim como Dorcino, Evalda Rodrigues vem recebendo atendimento na Reabilitação do CCE Iria Diniz há aproximadamente quatro meses para passar por sessões de fisioterapia de ombro e coluna, drenagem linfática e fisioterapia respiratória. Por causa de todos esses atendimentos, ela comparece à Reabilitação do Iria de segunda a quinta-feira. “Tive um câncer de mama há 19 anos. Tive a cura, mas a quimioterapia e a radioterapia desgastaram meus ossos e levaram a outras complicações. Ter passado pela doença e pelo tratamento deixou sequelas. Depois do câncer, aprendi que cada dia é um novo dia”, testemunha Evalda.
Mauro Lúcio da Silva, atualmente em atendimento na terapia ocupacional da rede de Reabilitação do CCE Iria Diniz, explica que teve um acidente de trabalho há dois anos, quando rompeu três tendões na mão esquerda. “Já fiz três cirurgias na mão por causa disso, a primeira delas há mais ou menos dois anos”, conta Mauro, que vem recebendo tratamento no CCE Iria Diniz há cerca de um ano e meio, durante três vezes na semana. Para Mauro, passar pelos atendimentos faz toda a diferença: “O atendimento lá é muito bom. Se não fosse por esse acompanhamento, acho que eu não teria voltado com os movimentos que tenho hoje com a mão”, assegura Mauro.
Já Luana Roberta de Oliveira da Silva, atendida pelos serviços em fonoaudiologia da rede, precisou lidar com a meningite e enfrentar a surdez. “Em 2015, por causa da doença, perdi a audição totalmente”, conta ela, que explica que precisou lidar com a condição de só ouvir com um dos ouvidos, o que requer aprendizado contínuo. “Sou atendida no CCE Iria Diniz há aproximadamente dois anos. Tenho um ano de implante e escuto de apenas um ouvido, por meio de um aparelho que substitui a audição. Tive até que aprender a fazer leitura labial. Faz toda a diferença passar pelos atendimentos, que estimulam o ouvido e o reconhecimento dos sons pelo cérebro, inclusive os sons mais difíceis”, atesta Luana.
Reabilitação como direito
A referência técnica da Reabilitação da Secretaria Municipal de Saúde, Renata de Carvalho Schettino, ressalta que o acesso à reabilitação é um direito que íntegra um dos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS), a integralidade, e que o objetivo maior da reabilitação é possibilitar mais qualidade de vida e independência à pessoa. “O foco maior é recuperar ao máximo possível a funcionalidade do indivíduo. Por mais que a pessoa não possa recuperar totalmente sua funcionalidade, com a reabilitação é possível diminuir os problemas causados pelo acometimento ou lesão na vida diária do indivíduo, para que ele possa, em alguma medida, realizar atividades práticas cotidianas, tais como se locomover, escovar os dentes e pentear os cabelos, sair de casa, trabalhar, ouvir e falar”, explica Renata.
Acesso e estrutura da rede
O acesso aos serviços é feito a partir das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Uma vez que as demandas são colhidas, são encaminhadas ao Centro de Reabilitação do Centro de Consultas Especializadas (CCE) Iria Diniz. A equipe de reabilitação do CCE Iria Diniz é composta por 12 fisioterapeutas, dois terapeutas ocupacionais, três fonoaudiólogos clínicos, dois fonoaudiólogos no apoio diagnóstico, duas assistentes sociais e um ortopedista.
O município conta também com os serviços de prestadores credenciados, como o Centro de Atendimento e Inclusão Social (Cais) especializada em reabilitação intelectual, que faz parte da rede de Assistência à Pessoa com Deficiência e responde pela demanda dos casos complexos de neurologia infantil com comprometimento cognitivo e que necessitam de reabilitação intelectual.
Já as outras sete clínicas credenciadas pelo SUS Contagem estão habilitadas a atender as demandas de fisioterapia geral, uroginecológica e vascular e fonoaudiologia clínica, além das demandas de reabilitação auditiva, física e intelectual de menor complexidade, como suporte à Rede de Assistência à Pessoa com Deficiência.
E vem ampliação da capacidade do setor de Reabilitação do município por aí: nos próximos meses, a rede SUS/Contagem passará a contar com os serviços do Centro Especializado em Reabilitação tipo IV (CER IV), que está em fase final de implementação. A previsão é de que o CER IV esteja aberto até o final deste semestre.